Mulheres do Grande Pirambu participam de oficina sobre Racismo Ambiental e Justiça Climática
Na tarde do último sábado (06/04) cerca de trinta mulheres do grande Pirambu, periferia de Fortaleza (CE), participaram da oficina Racismo Ambiental e Justiça Climática , realizada pelo Instituto Negra do Ceará. Cris Faustino, coordenadora do Terramar, iniciou a conversa perguntando, “ qual o ambiente mais chique que vocês já foram? Shopping Iguatemi, Defensoria Pública, Fórum de Justiça. A reflexão foi para instigar as participantes sobre os espaços de poder e bairros ricos que são ocupados majoritariamente por pessoas brancas, já populações pretas, em sua maioria, estão nas periferias da cidade.
Outro ponto discutido na roda foi sobre abordagem policial e suas diferenças a partir da cor da pele, modo de se vestir, poder aquisitivo da pessoa e o lugar onde mora, “um dia cheguei e o policial estava batendo no meu filho, ameaçou até me bater, meu filho não tinha nada e continuava sendo agredido”, partilhou uma das mulheres que reside no Pirambu.
Durante a conversa houve muitas reflexões sobre o Racismo Ambiental, percebido na falta de estruturas básicas para as populações periféricas, onde a maioria das pessoas negras habitam, como: saúde, segurança, acesso à água, saneamento básico, educação e outras experiências de violências sociais. Mas também foi trazida pelas participantes a importância da organização comunitária e das transformações a partir da ação coletiva “há uns 10 anos, alguns jovens do Pirambu não tinham acesso às universidades, era dito que eles não poderiam chegar até lá, mas mudamos isso com um projeto e hoje já temos vários jovens ocupando as universidades”, nos contou outra participante.
Para discutir a questão climática, foi trazido pelas educadoras da Terramar Ana Cris, Romária Holanda e Carla Vieira, reflexões sobre os alto índice de catástrofes relacionadas ao clima, como: alagamentos, deslizamentos, avanço do mar, calor excessivo, morte de espécies marinhas, expulsão de comunidades, etc; atingindo principalmente as populações de maioria negra, os povos indígenas e outras comunidades camponesas. Também foi trazido para o debate os privilégios brancos nas políticas públicas e em questões ambientais e de direitos. ,
O encontro faz parte do projeto “Entrelaçar as lutas e fortalecer as resistências comunitárias: racismo ambiental e violência estatal no Ceará”, realizado pelo Instituto Negra do Ceará em parceria com a Terramar e a Frente Estadual pelo Desencarceramento Ceará. Formação política, memória, luta e troca de saberes norteiam o projeto que propõe um intercâmbio entre comunidades tradicionais urbanas e periféricas e povos indígenas. A proposta é construir estratégias coletivas de resistências comunitárias, de defesa dos direitos humanos e socioambientais e de enfrentamento ao racismo ambiental e à violência estatal. Além das mulheres do Pirambu e das educadoras do Terramar, participaram também as representantes da Inegra: Rayane Vieira, Franciane Santos e Cícera Silva.
O próximo encontro está previsto no território indígena Pitaguary, na região metropolitana de Fortaleza. A iniciativa é uma parceria entre Inegra, Terramar e a Frente Estadual pelo Desencarceramento Ceará, com apoio da CESE.
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