O Território e suas gentes – Resex – Prainha do Canto Verde
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Nessa semana nossas redes sociais vão contar um pouco da história da Resex – Prainha do Canto Verde. Vamos falar dos modos de vida, da poesia, música e das resistências desse lugar.
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A história oral da Prainha do Canto Verde, sob cuidados dos moradores mais antigos, conta que essa comunidade teve início em 1850 com a chegada do casal, Dona Felismina e seu Joaquim “Caboclo”, que assentaram na terra e lá tiveram 12 filhos. Depois, com a fama de lugar próspero com sua diversidade de peixes, crustáceos e terra boa para plantar, outras famílias foram chegando e se assentando no território.
A primeira notícia (jornal O Povo) documentada sobre a comunidade foi em 1928, quando três corajosos pescadores foram na “Jangada Sete de Setembro”, até Belém do Pará, sendo assim o primeiro “raid” (viagem de aventura) da localidade. Sabe-se que fortes chuvas ocorridas em 1974 provocaram rompimento da vizinha Lagoa do Jardim, e todas as casas (que eram de taipa) da comunidade foram arrastadas para o mar. A “praia velha”, assim chamada pelos moradores, ficava a oeste da atual. Dedicando-se à arte da pesca artesanal essa população aprendeu a conviver e a proteger o ambiente marinho, e hoje detém valorosos conhecimentos sobre a dinâmica marinho costeira da região.
Em 1993, os pescadores da Prainha do Canto Verde protagonizaram uma bonita manifestação por direitos, através de uma viagem da Jangada SOS Sobrevivência ao Rio de Janeiro, abençoada pelo lendário poeta dos pescadores, Doryval Cayimmi. Aliás foi nessa movimentação que nasceu o Instituto Terramar, cujos primeiros membros ajudaram a organizar a viagem de protesto e poesia.
Desde 1976, as belezas do lugar chamam à atenção dos grileiros de terra, que por diferentes meios tentam tomar as terras da comunidade tradicional. Depois de 30 anos de conflitos, a comunidade conquistou o direito de permanecer na terra (2006). Nessa trajetória de defesa do território em 2009, a comunidade teve uma significativa conquista de direito à terra e ao território, através da Reserva Extrativista de Terra e Mar da Prainha do Canto Verde. Mas a pressão sobre o mar e a terra do usufruto comunitário por direito ancestral e legal continua, inclusive hoje, algumas famílias correm o risco de perder seu direito de moradia. As injustiças sociais e ambientais nesse caso, são os principais fatores que autorizam agentes públicos a despejar famílias extrativistas de uma Reserva Extrativista, em benefício de terceiros, externos ao território.
O fato é que ainda hoje as principais preocupações das mulheres, homens e jovens são a garantia do território de pesca artesanal e do direito à terra como condição básica para moradia e convivência cotidiana da comunidade. A insegurança territorial é um fator que provoca também muitos conflitos comunitários e a pressão de setores empresariais externos que atuam contrários ao avanço civilizacional e humanitário dos direitos dos povos e da conservação ambiental.
No decorrer dos dias vamos falar mais sobre esse lugar e suas várias histórias. Fique ligado!
Fonte: Historiando Prainha do Canto Verde – Rede Tucum Site: Prainha do Canto Verde – Turismo Comunitário e Sustentável