Caetanos de Cima finaliza construção de casa de farinha
Mandei fazer uma casa de farinha
Bem maneirinha que o vento possa levar
Oi passa sol, passa chuva, passa vento,
Só não passa o movimento do cirandeiro a rodar…
(“Casa de Farinha”, Ciranda de domínio público)
A casa de farinha era o sonho de uma década das famílias produtoras de mandioca que, na última semana, se tornou realidade para a Associação de Pequenos Produtores e Agricultores Assentados do Imóvel Sabiaguaba (APAPAIS). Sediada na comunidade Caetanos de Cima, uma das três que compõem o Assentamento Sabiaguaba, a conquista veio através de projeto da Associação aprovado no Fundo Sócio Ambiental Casa e Fundo Socioambiental Caixa.
Além de reduzir o esforço do trabalho de beneficiamento, a casa de farinha comunitária vai diminuir os custos de produção, tendo em vista que, na maior parte das outras casas de farinha da região, as porcentagens cobradas chegam a 70% do custo da produção. Essa casa se propõe a farinhar de maneira justa e solidária, reduzindo custos e abrindo as portas para o fortalecimento da proposta de soberania alimentar que a comunidade já vem desenvolvendo por meio da agricultura e da pesca sustentável.
A ideia da comunidade é que a estrutura da Casa também seja um espaço de encontro, formação, fortalecimento cultural e repasse geracional, uma vez que a própria farinhada é uma herança indígena que até hoje faz parte do cotiadiano dos povos tradicionais da zona costeira e do semiárido.
A assessoria ao projeto ficou por conta do Instituto Terramar e a execução, pelas lideranças comunitárias. O desenvolvimento da iniciativa teve início em setembro de 2015; agora, a estrutura foi concluída e a próxima fase, de produção e beneficiamento, deve começar. Essa estratégia de fortalecimento faz parte de uma proposta maior, ligada à Rede Cearense de Turismo Comunitário (Rede Tucum). O próximo passo desse desafio é construir formas mais justas e solidárias de acesso à casa de farinha.