IV Colóquio Internacional de Turismo em Terras Indígenas e de Comunidades Tradicionais (IVCTurTI): ataques aos seus direitos e suas estratégias de enfrentamento

Fazer turismo comunitário é não deixar a pesca, não deixar a agricultura, não deixar de criar galinha, não deixar de plantar batata. Se você substituir suas atividades por turismo, você não vai fazer turismo comunitário. (Valyres, Comunidade Caetanos de Cima, Assentamento Sabiaguaba, Amontada/CE, 11/11/2017)

Nos dias 10 e 11 de novembro de 2017 aconteceu o “IV Colóquio Internacional de Turismo em Terras Indígenas e de Comunidades Tradicionais (IVCTurTI): ataques aos seus direitos e suas estratégias de enfrentamento” promovido pelo Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFC, em parceria com Instituto Terramar e Rede Tucum. A programação possibilitou reflexões e diálogos de saberes sobre temas dos conflitos e ameaças aos territórios indígenas e comunidades tradicionais e suas estratégias de enfrentamento vinculadas às práticas socioambientais, culturais e produtivas no contexto do Brasil e de outros países latinoamericanos.

Durante o evento foram compartilhadas experiências de Turismo de Base Comunitária e de Turismo Comunitário do Brasil e América Latina. A experiência da Rede Tucum, atualmente composta por 11 grupos de Turismo Comunitário, ganhou destaque por ser instrumento de autodefesa e autoafirmação dos modos de viver e produzir local, frente às ameaças e conflitos socioambientais gerados pelos grandes empreendimentos (turístico, carcinicultura, eólicas, infraestrutura) que degradam os territórios pesqueiros na Zona Costeira do Ceará.

O Colóquio defendeu um turismo que se fundamente em princípios e práticas na economia solidária, comércio justo, produção agroecológica, de saberes ancestrais da pesca artesanal, valorização das diversidades culturais, identidades locais e da organização comunitária. Algumas dessas dimensões aparecem na fala de um pescador em roda de diálogo realizada durante o Colóquio:

A Rede Tucum começou pequena e hoje está uma rede gigante. Ela se tornou um mar na zona costeira. Estamos fazendo diferente. […] Fazer turismo comunitário foi uma das coisas mais bem pensadas que as comunidades junto com Terramar. Foi uma das coisas mais bem estruturadas que aconteceu para o fortalecimento dos territórios, por conta do envolvimento das comunidades e a valorização das pessoas em todos os setores que ela possa estar. Desde o pescador, artesão, agricultor, o jovem, a criança, a mulher e tudo que você possa imaginar em uma comunidade como a nossa o turismo comunitário consegue chegar. […](Valyres, Comunidade Caetanos de Cima, Assentamento Sabiaguaba, Amontada/CE, 11/11/2017)

Ainda, destacou-se a experiência da Escola Popular de Turismo Comunitário (EPTC), realizada pelo Instituto Terramar e Rede Tucum, em 2015. A EPTC possibilitou um amplo processo de formação com as juventudes da Zona Costeira visando integrar ao debate do Turismo Comunitário temas articulados como terra, território, trabalho, cultura e conflitos ambientais, buscando relacioná-los com a juventude e suas condições específicas.

Outro momento relevante durante o Colóquio foi o reconhecimento e homenagem à experiência da Rede Tucum e ao Instituto Terramar por sua atuação em defesa dos povos e comunidades tradicionais da Zona Costeira do Ceará.

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